SOLAR DE RIVALAGO

Caros Primatas, deixo aqui um texto enviado pelo Primata Helder Duque, sobre o Solar de Rivalago, um testemunho bastante elucidativo sobre este autêntico paraíso em Paredes de Coura. Esta é uma sugestão de um local aprazível para o descanso dos Primatas.

SOLAR DE RIVALAGO

Caros amigos. É comprazer que compartilho convosco as minhas experiências no solar de rivalago. Uma vez, foi num inverno seco e frio que ali rumei a convite dos proprietários, para participar num concilio de primatas que perante um aparatoso desfile de vitualhas: soberbos acepipes e sublimes pratos da gastronomia minhota, depressa se transformou numa ceia de cardeais com a mesma relevância com que Dantas caracterizou a sua e a deu ao prelo. Tamanha foi a bravura com que os primatas se atiraram aos manjares que mais pareciam abades de prisco ou romeiros esfaimados a caminho de Santiago. Não poderei deixar de referir a história de um certo taparuer, que por lá apareceu na esperança de recatar a cabeça de um “petit cochon” que por lá se haveria de fenecer entregando as fêveras ao criador e seus convivas. Na lareira os troncos generosos de um carvalho decrépito crepitavam à mercê de um lume forte estendendo o conforto e convidando ao relaxe. Lá fora uma réstia de sol fundia lentamente o manto diáfano que o rigor da estação estendeu sobre a veiga envolvente, branqueando carvalhos e outras endémicas que por ali se perfilavam. Houve até quem se lesionasse a jogar matraquilhos, chegamos a temer o pior: provável lesão da região tíbio-társica, estiramento das fibras ligamentares, com entorse por aversão dos ligamentos mediais e danos no maléolo lateral. Felizmente nada de grave tudo se curou no bálsamo de uma garrafa de alandra escorropichada até á última gota. Ao toque das matinas lá haveria de ir o nosso jogador, passo estugado, a caminho da capela da Sr.ª do Livramento, ávido de mercê divina e capaz de apagar demónios soltos e teimosos de arredo. Na noite, para a madrugada temendo que a luz faltasse, lá houve quem deita-se mão a um candeeiro de 15 anos cheiinho de JB.”Foi o mesmo que uma vez à noite se enganou e quis encher uma botija de água quente e encheu o gato aparecendo assim todo arranhado no dia seguinte”. E aquele que apareceu de manhã com um edema do perímetro cefálico, porque dormiu toda a santa noite com os pés mais altos que a cabeça. Foi sem dúvida um fim-de-semana para recordar vida fora; uma demonstração cabal da beleza do Minho em pleno inverno. Por lá estive também durante o verão com familiares e amigos em agradável convívio e boa disposição, satisfeito porque toda a minha gente gostou do local que eu tinha escolhido. Aquele terreiro da Boavista onde está implantado o solar dá-nos logo à chegada uma agradável sensação de desafogo; os seus carvalhos frondosos conferem ao largo carácter e hospitalidade que se estende até à esplanada do bar da junta onde se bebe uma cervejinha soberbamente gelada. Entrando o portão depressa nos apercebemos da exuberância do verde pintando aqui e ali pelas cameleiras roseiras e outras preciosidades florais. Estão bem delimitados os caminhos empedrados em volta da casa com uma simpática iluminação nocturna activada por células fotoeléctricas temporizadas. A casa está muito bem equipada, basta levar que vestir e calçar. Recomendo sinceramente que vejam nascer o sol, sentem-se num banco que ali está junto à piscina, basta lá estar um pouco antes das sete horas terão uma agradável surpresa. Para quem quiser conhecer o Minho: o solar devido à sua localização é um excelente ponto de partida as estradas são boas e depressa nos pomos em diversos locais dignos de relevo: Cerveira; Valença; Ponte de Lima (NÃO ESQUEÇAM UMA VISITA AO NOSSO AMIGO JOAQUIM DA BOIÇA) Arcos de Valdevez; o Alto Lindoso; o santuário da Sr.ª da Peneda; Monção e Melgaço; Vigo, Rias Bajas; Pontevedra; La Guardia e olhem que Santiago de Compostela fica mais perto dali do que de Lisboa, se não acreditam vejam no mapa. Mas para quem não quiser andar muito, não percam ali a dois passos o centro da vila de Paredes de Coura, bebam um café junto ao rio e por favor não deixem de visitar a cividade no cossourado (idade do ferro) nem Rubiães, (românico) tão pouco deixem de ver ao estado a que chegou a Casa Grande de Romarigães que Aquilino Ribeiro imortalizou na obra do mesmo nome. Por aqueles lugares respiram as memórias de Bernardino Machado do conselheiro Miguel Dantas e de Aquilino Ribeiro. E para comer? Ai é que está o problema só vos recomendo três que são de confiança: A Miquelina, A Albergaria e o Conselheiro. Se por acaso quereis mais falai com o Berto que o rapaz de boa boca. Quem é o Berto? É o marido da Rosa e o pai de duas graciosas jovens que discretamente cuidam do bem-estar dos que rumam ao solar de rivalago, gente afável e simpática sempre ao dispor dos amigos, a Rosa tem uma mãozinha para os galos, mas isso é outra conversa; são em Barcelos, que se por ali se anda a uma quinta-feira, perder a maior feira do Minho é por e simplesmente ser tolo ou não ter arte. Meus amigos é isto que me apraz dizer. Se puderem disfrutem, vão gostar certamente. Dispensam apresentações os proprietários do local que todos nos conhecemos e sabemos como recebem os amigos. Aquele abraço:

Helder Duque. LISBOA 29 DE Março de 2011